DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 1

Artigo Premiado (Belmiro Siqueira - CRA) Joselito Evangelista (Vers. 2024) Parte-1

O Papel do Administrador na Promoção da Sustentabilidade e Inovação 

PARTE I

RESUMO:

Este estudo aborda a interseção entre inovação e sustentabilidade no contexto empresarial brasileiro, destacando a evolução e os desafios enfrentados pelas organizações nesse cenário. Inicialmente, discute-se a mudança de paradigma na economia brasileira, que passou a valorizar cada vez mais a capacidade das empresas em desenvolver soluções inovadoras e sustentáveis. Em seguida, são apresentados exemplos de empresas que adotaram práticas de desenvolvimento sustentável com sucesso, evidenciando que é possível conciliar lucratividade e responsabilidade ambiental. O papel do administrador é discutido como fundamental para garantir a implementação de estratégias sustentáveis e inovadoras nas organizações. Por fim, destaca-se a importância da conscientização coletiva sobre a preservação do meio ambiente e a necessidade de promover uma cultura empresarial voltada para a sustentabilidade. Este estudo visa fornecer insights relevantes para empresas e gestores interessados em se destacar em um mercado cada vez mais consciente e orientado para a preservação ambiental.

DESAFIOS E PERSPECTIVAS 

Nos últimos anos, o cenário empresarial mundial tem passado por profundas transformações, impulsionadas pela crescente preocupação com a sustentabilidade e a inovação. No Brasil, não tem sido diferente. O país, historicamente associado à exportação de produtos primários, vem se reinventando e buscando novos caminhos baseados na capacidade de suas empresas em desenvolver soluções inovadoras.

A introdução do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) já em 2005 refletia essa mudança de paradigma, avaliando o desempenho das empresas em termos de responsabilidade social e ambiental. 

Concomitantemente, observa-se uma mudança no comportamento do mercado consumidor, que demonstra uma preferência crescente por empresas socialmente responsáveis. Nesse contexto, a inovação e a sustentabilidade emergem como pilares fundamentais para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. 

Não se trata apenas de criar novos produtos, mas sim de repensar toda a cadeia produtiva, desde a concepção até a comercialização, levando em consideração os impactos ambientais e sociais. Este trabalho busca explorar as interseções entre inovação e sustentabilidade no contexto empresarial brasileiro, destacando os desafios, perspectivas, benefícios e o papel do administrador nesse processo. 

Ao analisar as tendências atuais e os avanços recentes, pretendemos oferecer insights valiosos para empresas e gestores que buscam se posicionar de forma competitiva em um mundo cada vez mais consciente e voltado para a preservação do meio ambiente.

SUSTENTABILIDADE INOVADORA E A MUTUALIDADE CORPORATIVISTA

Os hábitos dos consumidores têm passado por profundas transformações nos últimos anos, tornando-se cada vez mais exigentes e criteriosos. Eles estão cada vez mais inclinados a valorizar empresas que demonstram um compromisso real com a preservação do meio ambiente. Essa preocupação ambiental muitas vezes se reflete em maior fidelidade por parte dos clientes. 

A busca por qualidade está presente em todos os segmentos da sociedade, seja na área educacional, cultural, profissional, entre outros. Com a concorrência cada vez mais acirrada, torna-se evidente a necessidade de uma maior adaptação das organizações para sobreviverem aos constantes desafios. 

No entanto, a corrida pela competitividade não pode resultar em um crescimento desordenado, sem espaço para preocupações com as gerações futuras. Atualmente, em todas as partes do globo terrestre, já existem pessoas preocupadas com a preservação dos recursos naturais. 

A Organização das Nações Unidas (ONU), em debates na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente, busca harmonizar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental. Nesse cenário, adotou-se a descrição amplamente aceita de desenvolvimento sustentável: "progresso que satisfaz as demandas do presente sem prejudicar a habilidade de satisfazer as demandas das gerações futuras". 

Empresas que perceberam essa necessidade já estão praticando o desenvolvimento sustentável e se adaptando a essa realidade. No entanto, a preocupação com o meio ambiente não deve frear o crescimento das organizações. É necessário que as empresas busquem inovar em relação aos antigos processos, encontrando diferentes maneiras de utilizar os recursos naturais disponíveis. 

De acordo com o consultor e especialista em Administração Estratégica do Serviço ao Cliente (University of California, Berkeley), Fábio Marques (Revista Brasileira de Administração), "muitas pessoas automaticamente associam inovação a novos produtos, mas essa é apenas uma pequena parcela do amplo alcance da inovação". 

Portanto, um sistema de inovação deve contemplar não apenas os diversos departamentos de uma empresa, mas também o relacionamento com seus clientes e toda a cadeia necessária para um desenvolvimento eficiente e sustentável. 

Diversos autores relacionam diferentes tipos de mudanças interdependentes quando se trata de mudança organizacional, incluindo mudanças tecnológicas, estratégicas, estruturais e comportamentais. Para Kochan e Useem (1992), o desafio é alcançar mudanças sistêmicas no contexto organizacional, envolvendo atividades altamente interdependentes, como a reestruturação estratégica e o uso da tecnologia e dos recursos humanos para obter vantagem estratégica, redesenhando a configuração da estrutura e das fronteiras da organização. 

A integração de fatores organizacionais e humanos com a técnica determinará o pleno uso das tecnologias, resultando em benefícios concretos para os diferentes stakeholders da organização e, consequentemente, no desenvolvimento esperado. Outro importante recurso que as empresas podem buscar para promover a sustentabilidade inovadora é a parceria, encontrada, por exemplo, nos Arranjos Produtivos Locais (APLs) – aglomerações espaciais, conhecidas no Brasil como distritos industriais – que geram ganhos de escala.

 No entanto, seria ainda mais benéfico dar maior ênfase à Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist), que propõe estreitar os relacionamentos e trocar informações para benefício mútuo. Assim, ninguém precisa reinventar a roda, podendo canalizar suas energias para novas pesquisas.

INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NO BRASIL 

O desenvolvimento econômico e empresarial do Brasil há muito deixou de se basear na produção e exportação de produtos primários e intermediários de baixo valor agregado para se apoiar, cada vez mais, na capacidade das empresas de desenvolverem soluções inovadoras. 

Este novo cenário envolve a geração e sustentação de instituições, empresas e indivíduos capazes de transformar o conhecimento existente em negócios e, consequentemente, em crescimento econômico e social. Desde 2005, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) vem disseminando o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), que avalia as cotações de empresas socialmente responsáveis. 

A balança do mercado consumidor já começa a pender para o lado daqueles que investem em responsabilidade social, e o alto faturamento das empresas que integram o ISE sinaliza que estão no caminho certo. Assim como é importante acompanhar a evolução do mercado, verificando o que de fato está ocorrendo com ele, seja em termos de novas tecnologias, serviços, concorrentes, produtos entrantes ou substitutos, também é essencial associar as variações de consumo dos clientes, especialmente se essas variações estão relacionadas com o meio ambiente. 

A competitividade está sempre em ascensão e os administradores são obrigados a tomar decisões com máxima eficiência para que suas empresas possam triunfar no mercado. Atualmente, observa-se que as questões relacionadas à inovação e sustentabilidade estão sendo cada vez mais debatidas nos diversos segmentos empresariais, mostrando a preocupação dos líderes na hora de decidir o que fazer e como fazer. 

No Brasil, a inovação tecnológica é um fator importante para promover o desenvolvimento sustentável. A simbiose industrial e os Parques Eco-Industriais surgem como solução de arranjo produtivo para as comunidades sustentáveis. 

No entanto, quando esses parques industriais são submetidos a uma análise mais atenta, percebe-se que o desenvolvimento adotado até o momento ainda não condiz com o modelo de um projeto de inovação esperado. É necessário realizar pesquisas na área ambiental e, principalmente, diminuir a distância entre o pensamento e a ação, pois no que se refere a projetos para reciclagem e reutilização de subprodutos em parques industriais, há muito potencial não explorado. 

Sobre a necessidade de transformações, Mañas afirma que a experiência demonstra que as organizações precisam adaptar-se a diversas mudanças ao longo de sua trajetória. Para alcançar esse objetivo, é essencial que as empresas mobilizem tanto seus colaboradores internos quanto externos para definir novas diretrizes em suas operações. 

Reconhecemos que as transformações capazes de impulsionar suas trajetórias, tornando-as competitivas e, por que não, bem-sucedidas, residem nas dinâmicas de seus negócios presentes e futuros, em suas estruturas organizacionais, na tecnologia que adotam e podem vir a adotar, bem como no comportamento das pessoas. São estas últimas, sem dúvida, que têm o potencial de assimilar a mudança inovadora.

Portanto, inovar vai além de criar novos produtos, é ter ideias e colocá-las efetivamente em prática. Nessa conjuntura, a figura do administrador é de fundamental importância para promover uma mudança organizacional necessária ao verdadeiro desenvolvimento sustentável e inovador.

O QUE TORNA UMA EMPRESA VERDADEIRAMENTE INOVADORA? 

Segundo matéria veiculada no site www.administradores.com.br, uma empresa inovadora é aquela que baseia sua atividade na introdução de novidades ou aperfeiçoamentos no ambiente produtivo ou social. A consequência natural de ações como essas é a inserção no mercado não apenas de novos produtos, mas também de novos processos. 

O consultor em administração Fábio Marques, em uma entrevista à Revista Brasileira de Administração, assegura que: "Uma empresa pode ser considerada inovadora quando consegue perceber novas maneiras de utilizar os recursos disponíveis, novas formas de administrar seus processos e de estabelecer relacionamentos com seus clientes, funcionários, fornecedores, concorrentes, acionistas e a comunidade em que atua" (RBA-Março/Abril de 2008). 

Compreende-se que os benefícios obtidos com a implementação de um programa de desenvolvimento sustentável evidenciam sua relevância em toda e qualquer organização verdadeiramente inovadora. Esses princípios e as iniciativas aqui abordadas identificam-se com as tendências atuais de criação de um ambiente de aprendizagem permanente, revelando o comprometimento da organização e de seus dirigentes com o aprimoramento contínuo, pesquisando e avaliando os impactos das decisões tomadas. 

Dentro de um objetivo claro e específico, as empresas devem manter um processo constante de desenvolvimento inovador. Essas exigências ensinam que ela deve estar alicerçada por programas de treinamento teóricos e práticos, com base nos quais se possa definir o que deve ser preservado, tendo perceptibilidade suficiente para mudar tudo o que for necessário.

[... LEIA A PARTE II ]

Joselito Evangelista

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